BEM VINDOS PAIS: Entrem e partilhem das nossas experiências!
Aqui podem encontrar as informações necessárias sobre as atividades realizadas pelos vossos filhos.

sábado, 8 de outubro de 2011

Regras e limites

Pois é,  o aparecimento de alguns pequenos "acidentes" fez-nos arrumar um pouco mais cedo, para nos reunirmos em grupo e darmos a voz às crianças que apresentavam algumas queixas.
Que afinal de contas eram as mesmas de costume: "empurrou-me", "tirou-me a peça do jogo das mãos"," apareceu na biblioteca e já não havia espaço", estragou o meu desenho", etc.
Desta vez constatamos ainda que não eram só as crianças mais novas que apresentavam mais dificuldade no cumprimento daquilo que todos já tinhamos estabelecido, mas algumas também mais velhas.
Relembramos o que tinhamos acordado, mostrando o trabalho gráfico que tinhamos inicado há já alguns dias e que estava quase pronto para montarmos o nosso COMBOIO da AMIZADE, onde constam as afirmações dadas pelas crianças acerca do que é SER AMIGO na nossa sala.
E todos concordamos que nestas carruagens do COMBOIO da AMIZADE, não entram comportamentos que magoam, que prejudicam e que deixam os companheiros tristes.




Como conclusão e para reforçar o nosso contrato de AMIZADE, ouvimos a seguir  a história "Five little monsters went to schoool" a mesma estava em Inglês, e foi lida numa primeira fase mesmo assim,  o que despertou nas crianças uma atenção redobrada, na procura de termos semelhantes utilizados no nosso vocabulário.

As primeiras reações foram de surpresa, riso e de repetição de algumas palavras lidas. Foi uma experiência diferente, levando a um primeiro contato com outra língua (com outra sonoridade), despertendo as crianças para estarem mais atentas às imagens, tentando decifrá-las.

CONCLUSÃO a que chegamos: "(...) até os Monstrinhos sabem estar uns com os outros na escola"

A  seguir traduzimos a história que ficou assim em rima:

Uma  mostrinha foi para a escola,
pôs a mão no ar para falar - as regras sabia usar!
Dois monstrinhos foram para a escola,
ao desenhar, os lápis quiseram partilhar - as regras sabiam usar!
Três monstrinhos foram para a escola,
pela sua vez estavam a esperar - as regras sabiam usar!
Quatro monstrinhos foram para a escola,
caladinhos e atentos a história estiveram a escutar - as regras sabiam usar!
Cinco monstrinhos estão na escola a aprender e brincar.
Cinco monstrinhos as regras sabem usar!

Vejam a história:

Registo da História em Pintura:


 

RECADOS PARA OS PAIS:
 Impor limites?


Quando pensamos na educação de uma criança e na construção da sua personalidade, é fundamental pensarmos na construção de limites que possibilita à criança o exercício da autonomia para se expressar, assim como a sensibilidade e respeito para com o outro e predisposições para aceitar diferentes opiniões e sentimentos.

- Mas haverá a imposição de limites sem a palavra Não?

Eduardo Sá  (Psicólogo clínico, psicanalista e professor de psicologia)  defende que não se pode educar sem dizer NÃO:

Aquela ideia, muito infeliz, de que as crianças se educam com pessoas boazinhas e que passa por se imaginar que dizer 'não' traumatiza as crianças é mentira”,
(Eduardo Sá , à agência Lusa, No encontro “De SIM e de NÃO se faz a Educação)

A noção de limites está relacionada, com uma certa disciplina que é importante criar para que a criança se desenvolva com harmonia mas também com a noção de que o mundo não gira somente à sua volta e que há regras e princípios que são fundamentais respeitar.

O pediatra norte-americano Berry Brazelton afirma que:

 “Para as crianças crescerem bem, precisam apenas de amor e limites” – o amor é fundamental para crescer com confiança e auto-estima; os limites são cruciais para a criança aprender o autocontrolo, para que possa viver em família e em sociedade. Ou seja, no que toca às regras de comportamento lá em casa (e fora dela!) é realmente de “pequenino que se torce o pepino”. A educação começa em casa e os pais não têm de se sentir culpados por serem demasiado rigorosos – as crianças tornam-se adultos equilibrados porque viveram com regras e limites, não ao contrário."
 
" A liberdade da criança deveria ter como limite os interesses do grupo a que pertence. A riança tem que ter noção das suas atitudes e restringir os seus comportamentos para que não faça algo que ofenda, magoe outra pessoa, que seja indelicado ou inadequado.


Assim, permitir à criança responsabilizar-se pelos seus atos e pela forma como convive com os seus colegas é ao mesmo tempo ajudá-la no seu processo de crescimento, a definir uma personalidade estável, saudável  e adequada, capaz de conviver com os outros, mantendo relações satisfatórias e equilibradas. Isto é o principio da cidadania. Mas isto só será possível se os adultos que convivem, diariamente, com a criança a ajudarem a perceber que a sociedade tem regras e que sem elas nós não podemos viver de uma forma saudável com todos.

Quando nos desresponsabilizamos da nossa função de pais e Educadores e alheamo-nos das pequenas birras que as crianças fazem, voltando as costas, ou facilmente cedendo aos seus "caprichos", estamos também por um lado a impedir a maturação correta da crianças, a impedir o seu pleno desenvolvimento! Não "pôr limites» e «deixar correr» é uma atitude, que impede a criança de ir construindo referenciais normais para a sua vida que a levarão a saber estar e a viver em grupo, adaptando-se facil e autonomamente às mais diversas situações, que a levarão ao sucesso. 

Os mais variados especialistas no ramo esducativo (psicologos, Educadores, pedagogos, pedopsiquiatras, etc) afirmam que qualquer criança, desde  muito pequena, compreende os seus comportamentos e percebe que há uns que pode exibir e outros não.
Eduardo Sá, salienta a necessidade de se impôr limites às crianças e do:

«Não» dito  com firmeza,  salientando ainda que « se as crianças sentem que os pais gritam muito quando dizem ‘Não’, mas o fazem para esconder as suas inseguranças, então eles pensam mais ou menos assim:’ se estás tão aflito para levar a tua avante se eu insistir mais, tu não resistes e cedes…»

E de que em educação a super protecção pode originar pessoas inseguras e dependentes, com uma auto-estima baixa e que toleram mal a frustração, são «escravas» dos seus impulsos e vivem à procura de satisfações imediatas, são incapazes de levar as atividades que impliquem esforço até ao fim. Que as crianças que têm atenção excessiva frequentemente não conseguem ser independentes.

É desejável que os pais e profissionais da educação se preocupem em educar as crianças nos seus deveres e direitos, na tolerância, pondo de lado o lema ‘deixar fazer’ mas marcando regras, exercendo controlo e, ocasionalmente, dizendo ‘não’. (Eduardo Sá, 2000).

Os Pais e a familia, devem de estar de acordo quanto ao modo como podem estabelecer regras e rotinas, como por exemplo, sempre que possível, tentar dizer sim; fazer advertências razoáveis antes das transições de actividades; dar alternativas adequadas; estabelecer poucas regras e ir introduzindo-as à medida das necessidades; ser claro e directo; e, manter-se firme.

As crianças que são educadas com limites, que são confrontadas com a frustração e que interiorizaram regras e rotinas, normalmente são crianças que
demonstram possuir uma grande empatia pelos outros, são competentes naquilo
que fazem, participam activamente no grupo de pares, mostram afecto e raramente são hostis. Exercem controle sobre os seus impulsos, sabem dialogar e negociar. "

In, Infancia e Desenvolvimento de Maria da Conceição Oliveira e Maria Isabel Santo de Miranda Cunha, Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

Sem comentários:

Enviar um comentário